sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O Descanso (estudo I)

Como os homens cansados de viver,
Ou simplesmente cansados,
Deitam-se os sentimentos
Em profundo hibernar.
A ordem se estabelece ao deitarmos,
Ao dormir
Ou morrer.
Merecemos descansar ao final de um longo dia
Ou angustiantes noites,
Insustentável existir.

Depois de longo amor
E grande odiar
Os homens hibernam exaustos
Buscando no além uma nova primavera.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Borboletas na barriga

Esse poema foi inspirado num quadro de uma amiga minha que me deixou perturbado, mas por um lado bonito. A inquietação dos homens que procuram algo sem nem saber o que. Há pistas que seguimos, rastros de algo que se esconde dentro de nós, mas não fazemos a menor idéia do que é, e procuramos, procuramos, procuramos.....

A ânsia do despertar


Fosse simples ansiedade
E estava tudo explicado.
Libertar-se de um peso,
Explorar um microcosmo bem aqui dentro;
Entender sua micro grandeza
E então dilatar os limites
Avoar torto e feioso, sem rumo.
Avoar com coragem;
Com esses membros frágeis
Delicados e coloridos;
Radiantes pétalas exploradoras
Tornam âmago em universo.

Fosse simples ansiedade,
Forçaria o tempo passar
Com as mais diversas futilidades.
Mas a angústia tem as matizes
Mais finas do que as que podemos perceber.
E dela todos temem com calafrios,
A ânsia do alívio ao voar;
O medo que intimida.
Arrepios de cócegas;
O flutuar das penas no ar.
As borboletas na barriga.