Conformação III
Certa vez salvei uma vida.
Nunca cobrei a dádiva da segunda chance.
E, no entanto, me pergunto se preciso de uma.
Não sei se é chance ou nova existência.
O vazio me sufoca
Não perdi e nem ganhei.
Estou na mesma, porém só.
Perdi, então.
A verdade é o veneno
Da vingança do Conde de Monte Cristo.
Mata a longo prazo,
Havendo sempre um antídoto.
Eu apenas não o tenho,
Às vezes, nem sei se quero.
E naquelas horas, naqueles lugares,
Quando o vento sopra uma lembrança triste,
Quando o mar que não vejo me salga,
Sou um marco zero d’alguma cidade perdida
No meio de minha consciência sem foco.
Antídoto ou mais veneno?
O pior é que no fundo,
Não há escolhas. Apenas para os fortes.
Não é meu caso.
Pois morte não é solução.
Salve os corajosos!
Digo, não os salvem...
Deixem que seus problemas se resolvam,
Da maneira mais simples,
Da forma como querem.
Morte não é minha solução.
Não agora.
Quase num passado,
Ou no futuro.
Escolherei pela vida.
Pela minha. Como há muito não o fazia.
Nada me impedirá de respirar,
A não ser essa asma;
Não farei este sofrimento
Me apagar deste mundo.
Este é meu remédio:
Conformação.
E paro por aqui.
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